23 de abril de 2007

São Paulo 1 x 4 São Caetano



O improvável aconteceu. A equipe Tricolor foi goleada dentro do Morumbi pela modesta equipe do São Caetano e foi eliminada do campeonato Paulista 2007. Mais do que isso, essa partida serviu para evidenciar alguns erros que vinham sendo observados desde o começo do ano, vamos a eles:

1 – O 3-5-2 Tricolor
Sistema tático por si só não é garantia de resultado favorável ou desfavorável. No entanto, a partir do momento que uma equipe se agarra a uma determinada formação, fica mais fácil para o adversário aprender quais são os seus pontos fracos e como montar uma estratégia para explorá-los. E foi justamente isso o que o São Caetano fez.

Em primeiro lugar, o Azulão armou uma barreira nas alas que deveriam ser exploradas por Ilsinho e Jadílson. O primeiro até que conseguiu produzir alguma coisa, mas o segundo foi absolutamente nulo durante todo o tempo. O nosso gol, inclusive, nasceu quando Ilsinho correu para o meio do campo na tentativa de buscar um espaço que não encontrava na lateral. Coincidentemente, encontrou por lá o outro ala da equipe, que se deslocou para o meio afim de cobrir a subida de Hugo. Numa troca de passes entre os dois alas, Ilsinho ficou livre para chutar e marcar o nosso único gol.

Em segundo lugar, a defesa adversária embolsou facilmente o nosso centroavante Aloísio. Todo mundo sabe que ele joga como pivô, passando a bola para o arremate de quem vem de trás. Então um zagueiro ficou colado a ele e outros dois jogadores se postaram nos lados do atacante, para evitar o arremate de outro jogador. Por outro lado, o São Caetano deixou o seu centroavante livre para partir com a bola dominada a do meio campo em diante, uma vez que Alex Silva e Miranda se postam à frente de André Dias. Havia espaço de sobra para o atacante receber a bola, girar e disparar para o gol Tricolor, sempre com a opção de passar a bola para os outros jogadores que corriam e se posicionavam entre os nossos três zagueiros.

2 – As funções e responsabilidades
Além do sistema tático, existe outra coisa chamada esquema tático. Isso se refere a como o time deve jogar e o que se espera de cada jogador. Aparentemente a nossa equipe é bastante flexível nas funções de cada um, pois o zagueiro Alex Silva saiu em disparada para o ataque e deixou a defesa desguarnecida. Neste lance, Jadilson dormiu no ponto, o São Caetano recuperou a bola e pegou a defesa do São Paulo totalmente desfigurada. Miranda nada pôde fazer. Aliás, esse erro se assemelha ao que aconteceu na derrota contra o Necaxa, no México. Mas naquela vez foi Miranda quem saiu em disparada para o ataque e isso acabou propiciando o gol de empate do time mexicano.


3 – Os volantes
Josué não é capaz de oferecer sozinho o mesmo poder de marcação que o São Paulo estava acostumado até poucos meses atrás. Seu setor foi minado pela falta de companheiros adequados e uma dança das cadeiras que só fez piorar a situação. Só neste campeonato foram utilizados na função de segundo volante os jogadores Fredson, Souza, Richarlyson e Hernanes. Nenhum dos três primeiros conseguiu dar a devida consistência para a equipe. Já Hernanes, que foi um dos grandes destaques do time em todas as partidas que disputou, não só perdeu a vaga no time como também nem no banco de reservas ficou.

4 – Zaga
Até ontem o São Paulo possuía a melhor defesa do campeonato, com 15 gols sofridos em 21 jogos. Depois dos quatro gols que levou do São Caetano, não pode mais ostentar esta marca. Mas de qualquer maneira ficou claro que as falhas neste setor acabaram por derrubar o time todo. Além do lance já comentado que teve a participação, ou a não participação, de Alex silva, os outros dois zagueiros foram decisivos para o placar desfavorável.

No gol da virada adversária Miranda se posicionou mal, longe do jogador do São Caetano e deu todo o espaço que um atacante gosta de ter. Porém é verdade que André Dias, lento, nem mal posicionado estava; mas sim ausente. O mesmo André foi extremamente infeliz e não conseguiu matar uma bola aparentemente fácil que deu oportunidade para o atacante de azul recuperar a bola, meter um chapéu nele e fuzilar Rogério Ceni. Este foi o terceiro gol e efetivamente determinava a nossa eliminação. Já não havia mais nada a ser feito.


5 – Meio campo
Nosso meio de campo foi completamente deficiente. Mesmo sendo o artilheiro da equipe na temporada, o jogador Hugo oscila demais nas partidas. Além de serem irregulares, suas atuações nunca haviam sido tão fracas como neste jogo. É bem verdade que ele foi um dos jogadores que foram marcados bem de perto pelo Azulão, que já sabia muito bem como neutralizar o nosso time, mas não conseguiu produzir efetivamente nada durante todo o tempo em que permaneceu em campo.

Já Souza também abusou de erros nos passes, jogadas e finalizações. Sua eficiência fica bastante comprometida quando tem de lidar com o dilema entre atacar e defender, quando é posicionado como volante. Infelizmente ele rende muito pouco nesta posição e acaba por não realizar nenhuma das tarefas a contento.

6 – Substituições
Não fez muito sentido voltar para o segundo tempo com os mesmos três zagueiros e o mesmo buraco no meio de campo Tricolor. Àquela altura, o empate nos classificava e seria mais inteligente compactar o time para evitar os ataques do São Caetano.

Isso não foi feito e sofremos o segundo e o terceiro gols. Deu-se então a entrada de Borges no lugar de André Dias. Permanecemos com a mesma estrutura desequilibrada e colocamos mais um jogador, à deriva, no ataque.

As entradas de Jorge Wagner e Junior, nos lugares de Hugo e Jadílson foram demasiadamente tardias e, portanto, inócuas. Se não conseguíamos produzir nenhuma jogada ofensiva até então, dificilmente conseguiríamos mudar este panorama quando o desespero já rondava nossos jogadores e o São Caetano se fechava para repelir uma possível pressão.


7 – Inoperância
O time não produziu quase nada e foi merecidamente derrotado pelo São Caetano. Apesar de termos dominado a partida na maior parte do primeiro tempo, não soubemos criar oportunidades de gol. E ao longo dos noventa minutos, todas as falhas na defesa e no meio culminaram penalizando o setor de ataque, que também teve fraca atuação.

Para se ter uma idéia da falta de produtividade da equipe, o primeiro chute a gol na etapa complementar foi acontecer aos trinta e cinco minutos; novamente com Ilsinho.

Essa partida deve servir de lição para jogadores, comissão técnica e dirigentes. E até para os torcedores, que se desta vez não deram o vexame de xingar ninguém, bradaram que a conquista da Libertadores havia se tornado obrigação. Como se esse tipo de pressão fosse ajudar em alguma coisa.

Ficha Técnica: São Paulo 1 x 4 São Caetano

Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 21 de abril de 2007, sábado
Horário: 18h10 (de Brasília)
Árbitro : José Henrique de Carvalho
Assistentes: Ana Paula de Oliveira e Carlos Augusto Nogueira Júnior

Cartões amarelos: Aloísio, Miranda, Josué, Leandro (São Paulo), Glaydson, Douglas, Paulo Sérgio, Canindé, Luis, Marabá (São Caetano)
Cartão vermelho: Josué (São Paulo)
Renda: R$ 794.070,00
Público: 44.534 pagantes

GOLS :
SÃO PAULO: Ilsinho, aos 23 minutos do primeiro tempo
SÃO CAETANO: Luiz Henrique, aos 38 minutos do primeiro tempo, Thiago, aos oito, e Glaydson, aos dez, Douglas, aos 25 minutos do segundo tempo

SÃO PAULO: Rogério Ceni; Alex Silva, Miranda e André Dias (Borges); Ilsinho, Josué, Souza, Hugo (Jorge Wagner) e Jadílson (Júnior); Leandro e Aloísio
Técnico: Muricy Ramalho

SÃO CAETANO: Luís; Paulo Sérgio, Maurício, Thiago e Triguinho; Luís Alberto, Glaydson, Canindé (Galiardo) e Douglas; Luiz Henrique (Marcelinho) e Somália (Marabá)
Técnico: Dorival Júnior

Fotos deste post: Bruno Miani/VIPCOMM