21 de abril de 2007

Expectativa e realidade

Foto: Bruno Miani/VIPCOMM

A imagem acima é a materialização de um sonho São-paulino. Não só pelo fato de que a sua contratação foi objetivada desde o ano passado, e que não se realizou antes por imbróglios judiciais, mas também porque o Dagoberto é de fato um excelente jogador.

É do conhecimento de todos que o São Paulo Futebol Clube presta muita atenção em todos os jogadores que aparecem de norte a sul neste país. E sempre que possível, procura trazer os melhores para o Morumbi. O caso de Dagoberto não foi diferente.

Bem, na verdade houve uma diferença. O impacto que ele gerou no começo da carreira foi positivo demais. Bastou aparecer no Campeonato Brasileiro de 2002 e o papel de protagonista em competições pela Seleção Brasileira no Mundial Sub-20 e nos Jogos Pan-Americanos de 2003 para que todos os clubes notassem raras qualidades neste jogador. Sua habilidade, velocidade e precisão no arremate o tornaram bastante cobiçado.

O Atlético do Paraná, ciente do potencial do jogador e do interesse que ele despertava, tratou de promover seguidas reformas contratuais para segurá-lo em Curitiba e para permitir que o clube lucrasse com uma eventual transferência no futuro. Até aí, tudo corria bem.

Foto: Bruno Miani/VIPCOMM

Em 2004, apesar de ter fracassado junto com outras grandes promessas do futebol Brasileiro no pré-olímpico, o jogador já havia conquistado definitivamente a condição de maior destaque individual do seu time. Os outros times só podiam lamentar, pois além de ter se tornado um sonho muito caro, ele representava perigo dentro de campo contra qualquer equipe. Mas um golpe do destino desfez todo o caminho previamente construído para ele. Em Outubro deste mesmo ano ele sofreu uma grave contusão no joelho esquerdo e ficou afastado do futebol por quase um ano.

Após um longo período de recuperação, retornou ao time em 10 de Julho de 2005 no clássico local contra o Coritiba. Mas depois de apenas 20 minutos, sentiu uma lesão muscular na coxa direita que o afastou novamente.

Seguiu-se mais um ano de idas e vindas por problemas de contusões e a paciência do jogador e do seu clube foram se esgotando. Um estava frustrado por ter feito um investimento que não estava dando o devido retorno e o outro não conseguia jogar futebol e continuar a sua carreira de modo adequado. Em meados de 2006 a separação era iminente. O São Paulo voltou a sonhar com o atacante.

Todavia a Diretoria paranaense resolveu jogar sujo com o rapaz. Na Justiça Trabalhista, um parecer favorável ao clube prorrogou seu vínculo contratual. E, no Atlético, o jogador sofria com assédio moral praticado pelos dirigentes do clube e até com a torcida que, impacientemente, começava a repudiar o jogador.

Foto: Bruno Miani/VIPCOMM

Este cenário permaneceu inalterado até esta semana, quando o jogador obteve a sua desvinculação do Atlético mediante depósito da multa contratual referente ao período restante do seu contrato.

Quase cinco anos depois de explodir no futebol e despertar a cobiça de todos, eis que o São Paulo finalmente consegue trazê-lo para o Morumbi. A vinda de Dagoberto repete uma tradição São-paulina que começou com Leônidas da Silva e teve vários outros pares: contratar grandes jogadores para engrandecer o nosso clube.

Assim como o Atlético alimentou tamanha esperança sobre ele, o São Paulo também enxerga um brilho latente em Dagoberto. Só que nossa responsabilidade agora é evitar os mesmos erros que foram cometidos com ele no passado. A devida preparação física e mental e, não menos importante, evitar a criação de um ambiente de alta expectativa em torno dele é essencial. O caminho mais seguro, como sempre, é o natural e o meticulosamente planejado. Nesta fase inicial as grandes responsabilidades recaem sobre Muricy e toda a estrutura de apoio do clube. É hora de prepará-lo para render no futuro próximo, e não no imediato.

E é importante que o torcedor também saiba desempenhar o seu papel, sempre lembrando que com o Dagoberto há que se ter tranquilidade ao invés de ansiedade.